Epilepsia 4.

4. Acertos com Toc Label e Fitas K7

Final de abril, Caron lê a postagem no blog do concha e fica impressionado com o desenho de Danilo Barros (o primeiro dos dois). Diz que gostou pra caralho, pergunta se é esse o desenho da capa mas na mesma mensagem diz que esse tem que ser o desenho da capa. Um pouco contrariado, porque queria algo especificamente feito para o lançamento, peço a Danilo o arquivo em alta resolução, que ele prontamente manda, em 4 de maio, concordando, sem mais nem menos, diz “Aí vai!”. Cadu, da Toc Label, também adorou e então sinto que não devo fazer confusão com respeito a isso. Quanto a Phillipe Dias, depois da sondagem em abril, nenhum contato com ele. O desenho se encaixa na ideia do álbum por ser carregado, de certo modo de traços hipnóticos, que confundem um pouco, de personagens obscuros, estranhos.

Resta então saber como as coisas ficam sob a fita. Em 09 de junho Cadu me manda um arquivo, via 4shared. “Passei pra fita cassete como tinha combinado. A única coisa que fiz foi controlar pra não estourar a fita. Depois digitalizei o audio da fita pra mostrar pra vocês”. A conversa que segue é curioso, porque três dias depois estou a reclamar da qualidade do áudio… “Passou pra fita qual versão? A cruazona?” “Uma que o Caron me mandou que já tinha os cortes. Não sei se ele usou a cruazona.” “Ah ok, não sei mais qualé, mas ele disse que gostou muito. Vou deixar essa.” “Sim, ficou bem legal.”

Já descontente, digo que quero mexer na gravação e saber como Cadu passou para k7, dado não haver graves no resultado, e o som estar absolutamente comprimido (uso a expressão “como um filtro comprimindo geral, tipo -12db a 20 pontos). Cadu se defende: “passei pra fita direto do audio que o jean me passou, o que fiz foi cabear direto do tape deck, o audio, e lançar ele pra fita, a única coisa que plausivel de fazer foi controlar o volume pra não desfigurar. Posteriormente fiz o cabeamento inverso e gravei normalmente sem usar nenhuma compressão, converti em aiff pra ficar tudo aberto e mandei. A própria fita ‘faz todo o trabalho’ como lhe falei.” Fico pensando na fita do Thomas Bey William Bailey, que tenho, e que tem uns graves (Progressive Lycanthropy ), mas também na do Bemônio, em que não há graves. Cadu diz: “sim, tem umas que rolam, mas é raro, geralmente os graves vão todos saturar os médios. Devem haver meios mais complexos pra sair já da mixagem final contando com o efeito que vai causar na fita. Tenta tirar bastante médio e agudo pra vermos como vai sair.” Digo que vou fazer duas versões diferentes e mandar no final de semana (acabarei mandando muito mais versões).

“Tudo que eu tenho em fita, as coisas que ocasionalmente rolam em formato de CD também que pude ouvir, sinto que os graves ficam saturando o médio. Acredito que deva dar pra tirar algum grave fazendo uma equalização esquisita, sei lá aumentando mais do que o comum o grave e diminuindo bem agudos e médios, mas nunca precisei testar isso. Eu comprei umas fitas diferentes aqui que ainda não testei. umas que tem ferro extra. Elas prometem ‘gravação de maior fidelidade’. Vu testar elas com o que você vai me mandar.” [Cadu Tenorio]

A ideia seria lançar em k7, mas também pela internet, em wav 16 bits (formato padrão qualidade de CD). Na conversa com Jean, tento convencê-lo de que seria bom lançar duas masterizações diferentes, isto é, uma para internet, com qualidade de CD, e uma para k7, com qualidade de fita. Jean diz que a anterior tinha ficado foda, muito agressiva, distorcida, um esporro total. Diz que seria melhor dizer ‘o lançamento é o k7, é o produto, a da internet é apenas a digitalização deste produto. Eu não poderia discordar mais e apelo para argumentos materiais: ‘Jean, você ouviu essas gravações em quais fones de ouvido e em quais caixas de som? Porque se é verdade que está verdadeiramente agressiva, também é verdade que está difícil de reconhecer o que estamos tocando, de tão distorcida a sonoridade.”

Enquanto isso faço algumas versões para mandar pra Cadu. Chego a conclusão que preciso pegar 4 trechos bem diferentes do show, curtos, totalizando 90 segundos, e fazer várias versões destes, mudando equalização e compressão do áudio. Dia 16 de junho mando para Cadu e Caron um link no dropbox, para baixar diferentes mixagens do nosso show. São elas:

00 – arquivo bruto
00comp – bruto com compressão braba a -5db
01 – com equalizador com bastante pressão no grave (em 60 hz tem tipo +13db)
02 – isso mais a compressão
03 – equalização pra fita sem médio
03comp – com a tal da compressão tb a -5db
04 – equalização pra fita sem médio e sem agudo
04comp – idem

Peço a Cadu para gravar em fita, digitalizar de volta e mandar pra mim, para eu sacar como o som se comporta, ao passar pra fita. Jean ainda está com a mesma ideia anterior, de que o lance seria lançar essa digitalização do som, após passar pelo processo de gravação e reprodução em fita (“Isso [lançar dois tipos diferentes de sonoridade do mesmo show] cria problemas na ontologia da obra pra mim. O Cadu tb acha que tem que uploadear a tape…. Sei lá vou ouvir os arquivos aqui.”) [grifo meu]. Tento apelar para o seguinte argumento, que eu não defendia em absoluto, mas apenas como expediente retórico: “Bom, se for assim, eu acho que tem de uplodear uma gravação do tape e não o tape em linha, pra pegar os ruídos do mecanismo (as roldaninhas).”

Mais de duas semanas depois, a 3 julho, recebo por e-mail observações de Caron. 1- Eu evitaria a compressão. Acho que vai chapar os detalhes e a tape que o Cadu enviou antes já está bem alta. 2- Gostei da eq radical em 60hz (sem a compressão)- Tocteste13- Eu descartaria as mixagens para fita. Come uma porrada de detalhes. Se a fita for comer detalhes deixemos que ela o faça. 😉Resultado: voto na eq com enfase no grave, sem compressão. (tocteste01)

Mais de dois meses depois, e após muito cobrar Cadu, inclusive tendo encontrado-o em seu show em São Paulo (lançamento do álbum do -notyesus>, cuja resenha inspiradora de João Paulo Nascimento pode ser lida aqui, e conhecido Thiago Miazzo nesse show (ibw03, Ibrasotope no Centro Cultural Walden, 01 de agosto), recebo uma mensagem via facebook. Aliás, um parentese sobre o álbum do notyesus>, para quem lembra de minha postagem anterior, eu tinha comparado, de troça, o -notyesus> com o guns’n’roses. O usuário Floga-se, do facebook, cujo blog pode-se acessar aqui, passou a adotar a expressão: “Ouça Preto Sobre Preto, do -notyesus>, o Chinese Democracy do noise brasileiro. Belo exemplar daMTB.” Me lembro também de aparecer em algum outro lugar… Bom, voltando a mensagem, eu a recebi em 13 de agosto de 2013, 23h37.

ei cadú, cade o meu k7?

“Fala Iwao! Desculpe a demora cara, esses tempos tem sido cheios, mas gravei aqui: [endereço no deposit files]. Gravei elas todas na sequência, como um playlist, a ordem exata é essa: 1 – epilepsia – toctest00 2 – epilepsia – toctest00comp 3 – epilepsia – toctest01 4 – epilepsia – toctest02 5 – epilepsia – tocteste03fita 6 – epilepsia – tocteste03fitacomp 7 – epilepsia – tocteste04fita 8 – epilepsia – tocteste04fitacomp. Qualquer problema me avisa que gravo elas separadamente.”

Separa apenas um trecho de poucos segundos de cada, e comparo com o mesmo trecho de pouco segundos dos arquivos que mandei. Acabo ficando um pouco em dúvida, mas optando pela opção prévia que Caron havia feito. Abaixo, as comparações.

A escolhida tinha a seguinte equalização, somando decibéis em um equalizador de 31ª bandas: 2db em 25Hz, 6db em 31.5Hz, 9db em 40 e 50 Hz, quase 14db em 63Hz, 3db em 80 e 100 Hz, 5db em 125, 2db em 2500Hz, 4db em 3100, 4000, 5000, 6300, 8000 Hz, 2db em 10000Hz. Além disso não tinha nenhuma compressão. Em compensação, para poder colocar o volume no máximo possível sem usar um limiter, tive de fazer mais de 30 correções manuais de volume em picos (geralmente gerados pela equalização exagerada nos graves). Encontra-los poderia ter sido mais fácil, mas meu método, inteiramente manual, me exigiu um tempo consideravel (uma tarde, mas estava fazendo outras coisas também, ao mesmo tempo).

blog 4 - masterização

Separei o arquivo em dois lados de quase 30 minutos e mandei-os, wav. 24 bits para Cadu (passar pra fita). Fiz também um do show inteiro, a 16 bits e também mandei a Cadu (para o lançamento na internet). Como ainda não manejo FTP direito e estou com preguiça de aprender, mando os dois primeiros via dropbox, e o outro via google drive. A masterização pré-fita estava feita. Aproveito para comentar com Cadu que a gravação que ele me mandou, advinda da fita, estava 16% mais rápida e aguda que a que mandei pra ele. Ele diz que vai ver as pilhas direitinho e que isso não acontecerá com a gravação oficial.

Agora é pensar que o lançamento será na primeira semana de setembro, pensar datas para um show de lançamento. No final de três dias de informações trocadas e datas que não batiam, talvez o melhor seja 25 de setembro, Cadu tentará marcar na Audio Rebel (RJ), com abertura do Dedo, grupo do Lucas Pires. Digo que pro lançamento farei um teaser de 1 minuto, vamos ver, estou pensando em pegar imagens da filmagem do epilepsia abaixo, combinar com sonrisal, estrobos. Tenho esse final de semana que vem pra isso (25 de setembro).

nome do grupo artístico: Epilepsia
nome do escritor: Henrique Iwao
nome do projeto: Álbuns 2013

Leave a comment